23.1.08

Jó 42, 2-6

Desejos de liberdade, de depender de Deus
como pássaro na copa desfolhada
de uma árvore de outono.

Parado, assim, até se sente dono
de um azul que nunca foi seu,
respirando os mesmos ares
daquele que, de fato, nem sequer conheceu.

Pois ignorava que, de ouvir falar, não se conhece
de onde vem, quem é ou para onde vai.
Só o salto medroso, mas decisivo,
é capaz de realizar o impossível:

que o velho pássaro, já tão acostumado
a nas copas se ver engaiolado,
possa enfim ser todo dele
como seu já é o Céu Amado.

10.1.08

Prudência e zelo.

Shhh... silêncio...

Bendita e santa sabedoria.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Isso é suficiente, na maioria das vezes.

8.1.08

Não posso fugir...

Há algo em meu peito que não entendo, nem consigo expressar. Pulsa em mim muitas vezes o desejo de alcançar os extremos do mundo. O fato é que fui atingido, alcançado, marcado, selado, separado. Estremeço diante da real chance de minhas más escolhas, pois já senti na pele, no coração e na alma o que podem fazer, e aonde podem me levar. Mas não me paraliso. Definitivamente não. Quem me alcançou consegue, dia após dia, momento a momento, aumentar minha sede, elevar meu rosto e coração, inundar-me de alegria profunda e verdadeira e, de maneira impressionante, fincar meus pés no chão. Sei que voar é para anjos...

Como havia alertado, não conseguirei traduzir o que se passa aqui. Portanto, precisarei me utilizar de uma expressão que reluto tanto em ouvir, em acolher, mas da qual hoje não consegui mais escapar. Impressiona-me como é inexorável essa -- por mim -- tão combatida verdade. Não há como fugir. De fato, sou de Deus.

Até já quis fugir. Já caí. Levantei, quis voar e caí de novo. Mas, em tudo isso, sou de Deus. Tudo o que há em mim só encontra sentido Nele, para Ele, por Ele, com Ele. Gostaria de colocar isso de forma mais concreta, mas não consigo deixar de reconhecer sua presença mais que sólida e real na minha vida, em como, de más escolhas, fez-me ir mais longe do que eu nem ousaria imaginar.

Há algo em meu peito que não entendo, nem consigo expressar. Como alguém tão teimoso e cabeça-dura se tornou um "homem de Deus"? Não foi de repente. Não foi sem dor.

Parece que tudo quer se repetir, Senhor. Mas não temo. Se antes o teimoso obteve graça sem fim, hoje o "homem de Deus" sabe, de antemão, que conta com ela.

Faça-se a tua vontade, Senhor. E basta.