23.10.08

Sem título


Tenho tentado encontrar as letras certas, que de alguma forma expressem não apenas a alegria que estou vivendo e experimentando. Mas letras que consigam testemunhar as maravilhas que Deus está realizando. Letras, palavras, orações, textos ou livros, no entanto, têm o péssimo hábito de diminuir ou encapsular o inaudível e, de modo geral, o que é graça. Menos, é claro, quando ela escreve... Há letras hoje, no entanto, que não apenas não encapsulam a graça, o inaudível, mas, pelo contrário, os revelam: Narlla Bianne Santos de Sales. Por isso, com todo o meu esforço e amor, tentarei apenas acrescentar algo à beleza que ela já revelou.

É a história de um rapaz e de uma moça, cada um de um canto, cada um com sua história, cada um conquistado e formado por Deus. Impressiona-me como Deus, a cada um, já prometia coisas novas, uma história nova, uma alegria nova. Um novo que eu não imaginava que exigiria como exigiu, mas pelo que sou imensamente grato. Hoje entendo um pouco melhor o que significa construir sobre a Rocha, na espera, no silêncio - suado, diga-se de passagem! -, na confiança. Impressionante perceber como é muito bom desconfiar de mim, dos primeiros e frágeis sentimentos, das posturas precipitadas! Deus é fiel! Deus é bom! Sua marca é a perfeição!

Desconfiar de mim, simplesmente, não teria sentido se eu não confiasse em Deus. Confiar nos momentos em que tudo parecia tão incoerente, a exigir de minha lógica mais do que ela estava acostumada. Pois, de fato, a lógica de Deus-Amor não pode ser limitada pela minha. A minha lógica só me levava a questionar tudo, a fugir, a duvidar, a querer correr e me esconder. E a lógica de Deus era uma só: amar, salvar seus filhos de si mesmos, de seus projetos, de seus planos, e convidá-los a abraçar com amor e liberdade o que nos propõe. Sim, porque se não fosse no amor e na liberdade, nem eu nem ela permaneceríamos firmes, confiantes. "Mas é bom apostar alto, não se contentando com medidas medíocres, porque sabemos poder contar sempre com a ajuda de Deus."¹

A medida medíocre seria a nossa, mas graças a Deus contamos com nossos formadores, que nos ajudaram a aprender a apostar alto, apostar em Deus, desejar viver o novo. Medíocre não porque era feia. Não! Era bela; lícita, até. Belo, de fato, é o amor humano! "Belo é o amor humano que quer viver unido até o fim. Mais belo, porém, é o amor humano que se submente à vontade do único Amor."² Pois a vontade de Deus é infinitamente melhor. O tempo de Deus é infinitamente mais acertado. Mas é claro que não foi fácil! Hoje, ao ouvir falar de vontade de Deus, sou grato porque dissipou-se de mim algo daquela aura romântica, boba, desencarnada... A vontade de Deus é vivida no dia-a-dia, na luta, no desejo de vencer a si mesmo pelo outro, por amor a Deus e ao outro. A vontade de Deus às vezes dói. Como doeu quando, no meio desse nosso belo caminho, Deus me convidou a ir em missão para a Inglaterra, por dois anos. Convidou, e eu disse sim. Disse sim, e partilhei com ela... Incoerente, não? Não! Em Deus, muitíssimo coerente. Deus sabe. Pois o que permitiu crescer foi por ele plantado, semeado, regado, cuidado. Por que não seria também por ele podado, para que possa dar frutos bons, belos, grandes, saudáveis?

Obrigado, Senhor! Obrigado pelas mãos da Virgem Maria, que sempre nos sustentou, formou e educou. Educou-nos no amor, fazendo-nos acompanhar e rezar com suas próprias esperas, que ela enfrentou em sua santa gravidez. E assim fomos por ela cada vez mais abraçados, envolvidos... A Rainha da Paz realmente consolou nosso coração!

E um obrigado especial, Senhor, pelo "feliz ano novo" que recebi! Pelos dois!

Agora, se meus leitores me perdoarem, não encontrei outra forma de encerrar senão pelas palavras dela...

A Virgem da Paz à frente, com o relógio na mão e com as graças, também.
O tempo passou... Eu experimentei, inexplicavelmente, junto com [ela], que o que é de Deus não passa em 300 dias, em 2 anos, o que é de Deus fica. Simples, Íntegro e Coerente. Deus é assim... Não deixa nenhuma obra inacabada, nenhuma semente sem cuidado, nenhuma cruz sem ressurreição. Deus nos marca todos os dias com Sua perfeição, porque, sabendo que somos os piores, os vasos de barro, nos dá a coragem dos que deram a vida por Ele para alcançarmos o céu.
E nós somos felizes, felizes terceiros, felizes missionários, felizes namorados.
E a Obra de Deus está apenas começando!

--
[1] João Paulo II, Mane Nobiscum Domine.
[2] Moysés Azevedo Filho

1.10.08

Olhar em Deus.


Não podemos
desistir pela demora da chegada,
muito menos pelas curvas e pedras do caminho.
Não caminhamos sozinhos.

Não é preciso espernear,
muito menos gritar para todo lado.
Ainda que no silêncio grite-se até a rouquidão,
Deus está sempre a escutar.

Escutar e acolher,
pois é dEle o desejo que hoje trazemos;
muito antes, nEle já se formava esse belíssimo sonho,
esse desejo de santidade, de buscar e fazer sua vontade.

Não poucas vezes
a teimosia quase levou pelo ralo
o que com tanto amor Ele está construindo e formando.
Mas há um porém:

a mão que nos guia
é de um Pai amoroso. Mão forte, mão serena,
que tomando as nossas
mostra sua marca.

Marca que
não é senão a perfeição
de Quem, como nenhum outro,
soube amar pela cruz, pelo abaixar-se.

E, por trazer em si
-- por ser Ele mesmo todo Abaixamento, todo Amor --,
a paixão de nos fazer amar como Ele,
marcou os corações dos que são seus.

E agora, apaixonado,
ferido pela Paixão de seu Senhor,
o homem não vê outro caminho senão o marcado pelos pés do Santo:
queremos seguir-Te, Senhor!

Lírio e rosa,
pureza e martírio
confiança e abandono...
Felicidade sem fim.

Obrigado, Senhor.

25.8.08

Relatos de um peregrino: desinstalações

Pois é. O primeiro dos muitos atrasos começou em Brasília, mesmo. Meu avião demorou duas horas pra sair, e eu ali, no saguão de embarque, conhecendo algumas pessoas novas. Quando finalmente embarquei, deparei-me inevitavelmente com uma ansiedade que surgiu em mim recentemente, há cerca de cinco anos: voar. Impressionante, mas não sei explicar nem como, nem porque. O fato é que precisei colocar uma coisa na cabeça: minha vida está nas mãos de Deus, e mais importante era confiar. Afinal, mais do que um vôo de uma hora e meia para São Paulo, eu enfrentaria o Pacífico todo pela frente!

Só fiquei receoso por causa de minha amiga... O celular nunca funciona quando precisamos! O meu tem o dom de ficar sem bateria nos momentos mais cruciais, como, por exemplo, no saguão de embarque, com meu vôo atrasado. Eu havia combinado com ela um certo horário para me pegar no aeroporto de Congonhas, e não tive como avisar do atraso.

Apesar disso, a viagem foi tranqüila, e eu me senti muito mais calmo do que quando fui a São Paulo no ano passado. Após o desembarque em Guarulhos, já com o mochilão nas costas, corri para comprar a passagem do translado para Congonhas, e dei sorte por ter um ônibus saindo quase que de imediato. Fora a surpresa do calor naquele dia -- ano passado, na mesma época, só se via frio! --, o ônibus do translado me pregou uma peça: um óleo "vindo-não-sei-de-onde" fez o favor de se derramar sobre todo o meu mochilão, ou especialmente em pontos estratégicos. Por sorte, toda a minha roupa e calçado estavam em sacos plásticos... à exceção de minha toalha! Não preciso nem dizer que, pelo menos para a viagem, a perda foi total. Tive que ficar uma semana e alguns dias usando toalhas emprestadas. Detalhe: fiquei cinco dias com uma tolha de rosto!

E sabe de uma coisa? Não me perturbou muito isso, não. "Faz parte", pensei, como pensaria em tantas outras fadigas durante a jornada. Realmente, faz parte de uma peregrinação o inesperado, o elemento surpresa, o susto. Jornada é experiência de se desinstalar, deixar as seguranças de lado e se lançar numa santa aventura. E não poucas vezes Deus dá a graça de uma desinstalação interior, também. Basta que prestemos atenção e não percamos a oportunidade de abraçar essa chance que Ele nos dá.

Porque depois Ele se supera e nos enche de bênçãos. A primeira foi quando, já em Congonhas, pude rever minha amiga, que pacientemente me esperava.

Até mais!

5.8.08

Relatos de um peregrino: algumas prévias

Deus me dê a graça de relatar não apenas as impressões exteriores, mas principalmente as marcas interiores da incrível experiência que foi a WYD 2008.

Desde já adianto que pensei num registro cronológico, porque me facilita lembrar dos detalhes, dos efeitos causados em mim, mas vou procurar ser o mais livre possível. Assim, espero que seja fácil a leitura mesmo quando eu ir e vir no tempo.

Graças a Deus não tive muita dificuldade para conseguir chegar em Sydney. A parte mais difícil foi tirar o meu primeiro passaporte... Fiz a solicitação pela internet e, no dia marcado, fui ao aeroporto. Chegando lá, descubro que devia ter feito o agendamento, mas o cidadão me deu uma informação equivocada e me enviou ao setor policial sul... Pois é, adivinha? Chegando lá, o rapaz espantado -- quase nervoso -- me diz que só pela internet, e só no aeroporto. Bem, claro que foi tudo um descuido meu, fiquei irritado, mas passou logo. Para mim, aqui eu já havia me tornado um peregrino.

Houve também outros documentos que precisei tirar além do visto, para uma missão especial que teria na WYD. Alguns movimentos e comunidades internacionais ficaram responsáveis por, no dia 18 de julho, durante a Via Sacra -- the Stations of the Cross --, evangelizarem os peregrinos e cidadãos de Sydney que estivessem por lá, acompanhando cada estação da Paixão do Senhor. A Comunidade Shalom foi uma das comunidades; e eu, um dos membros. Portanto, precisei me cadastrar como volutário. Mais alguns formulários, e pronto. Era só embarcar.

Como cristão, como filho da Igreja, como shalom, meu coração já estava em Sydney, mesmo fisicamente ainda no aeroporto de Brasília. Deus já estava me fazendo surpresas, e na véspera me havia chamado para uma outra missão... Mas isso vai ser um outro relato. Motivado por tudo isso, e ainda tendo uma escala em São Paulo -- onde participei da Santa Missa festiva dos 26 anos da Comunidade --, já no saguão de embarque de Brasília meu coração se abria, se escancarava para o homem. As pessoas não me pareciam mais estranhas. Estavam próximas, eram da família.

Começava, assim, minha maior experiência de Igreja até hoje -- exceção feita à Santa Missa. Levava comigo expectativas, incertezas, desejos, saudades... Pessoas preciosas embarcavam comigo. Não no avião, nem no álbum de fotos; levava cada um no coração. Hoje, com a simples partilha que se inicia aqui, espero que possam experimentar o que, por mim, viveram em Sydney.

Até a próxima.

21.6.08

Bachianinha nº1

20.6.08

Indo contigo

16.6.08

Livro aberto.

Palavras não me têm sido muito úteis,
ultimamente. Nem escritas, nem faladas.
Palavras hoje me constragem, intimidam,
pois sei que facilmente me trairiam.
E eu a elas.

Palavras são como lâminas afiadas.
Atravessando meu peito, ferem,
mas também fecundam, germinam, frutificam.
E ali as guardo, preciosas,
para oportunamente retribuir-lhes.

Não às que ferem, nem às que cortam.
Tão somente às que dão vida.
Mas é aí que habita meu engano,
pois a essas
só se retribui vivendo.

Sobretudo Àquela, que a todos dá vida.
A Ela todas as outras se rendem,
pois só nEla têm sentido.
Fora dEla são vazias e, como eu,
não sobrevivem.

Mas existem ainda em meu peito
desejos de transbordar.
Falar tudo que há, e o tanto que amo,
mas eis de novo meu engano,
pois a palavra do amor é o silêncio.

Assim, as palavras continuam
lutando dentro de mim.
Luta aguerrida, luta leal.
E por amor não me ferem,
ainda que eu a elas.

Falem meus olhos, fale meu coração.
Fale meu silêncio, ainda que por dentro
eu grite.
E você, lendo minha alma,
ouvirá tudo o que não ouso dizer.

11.6.08

5.5.08

Sinal de paz.

Eu já tive o propósito, hoje um tanto marginalizado, de escrever sobre fatos ordinários da vida. O que vivi hoje me fez retomar esse propósito. Não houve nada de extraordinário. Foi, de fato, corriqueiro, simples, ordinário, e por isso mesmo belo e forte.

Futebol. Surgiu como algo bem despropositado, tinha tudo para dar errado. "- Vamos? - Vamos. - Quem vai? - Não sei ainda. - Fulano falou com sicrano, que disse que beltrano vai também." Ou seja, uma bela e organizada desorganização. Mas é bom quando é assim. Entendam: estou falando de futebol, pelada, racha, baba, ou qualquer outro nome regional que se queira dar. É óbvio que essa "filosofia" não funciona para tudo. Aliás, para quase nada. Planejamento é muito importante. Oração, nem se fala! ORAÇÃO + PLANEJAMENTO, então, é igual a se aproximar da VONTADE DE DEUS.

Mas, às vezes, é bom darmos oportunidade ao acaso, a que vejamos as oportunidades e situações com os olhos de Deus. Chegamos os primeiros três, com uma bola murcha, sem bomba. Na quadra, duas crianças brincavam, e não as queríamos expulsar de lá. Eu até pensava: "caramba, eu tinha muita raiva quando os mais velhos tomava conta da quadra, e eu tinha que sair... Não vou fazer isso com eles". Pelo menos por enquanto. Quando mais três rapazes se aproximaram, com sua própria bola, vi que era hora de marcar território.

Ficamos de uma lado, as crianças do outro. Quando os rapazes chegaram, ficaram no lado das crianças. É, tiveram que sair. "Bem, já são 19h. Acho que é melhor eles irem, mesmo." Que bom que essas crianças tinham para onde ir. Espero que, lá para onde foram, tenham também uma família que as eduque no amor. Digo isso porque também aproveitei muito a rua, as brincadeiras, o futebol até mais tarde, mas tive também, dentro de casa, quem me orientasse, corrigisse o caminho, e apontasse um outro mais seguro. Na verdade e no amor, palavras que devem sempre caminhar juntas. Hoje, infelizmente, em muito lares ou falta o amor, ou falta a verdade. Ou mesmo ambos. Então, quem educa é a rua.

Começaram a chegar mais meninos, dos nossos e da quadra. E começou, enfim, o futebol. Será que você consegue imaginar a alegria de jogar futebol à noite, depois de seu time ter se sagrado campeão? Eu sempre te amarei, onde estiver estarei. Oh! Meu Mengo! Tu és time de tradição, raça amor e paixão. Oh! Meu Mengo! Fecha parênteses.

Parecia haver um abismo entre um grupo e outro. Ou talvez uma ponte. Achei interessante quando o filho de um amigo -- ambos jogavam conosco -- se sentiu desconfortável com a quantidade de palavrões que o outro grupo falava. Isso era apenas um dos sintomas. Sintomas de termos sido contagiados, sem mérito algum, por um gérmen, uma semente de eternidade. Acredito que Aquele que escolheu o acaso, nesse caso, escolheu esse dia feliz de futebol para contagiar outros jovens. Enquanto fazíamos o quê? Jogávamos. Assim, simplesmente, alegremente, pacificamente. Sim, porque havia alguns que estavam mais exaltados, que se irritavam quando perdiam. Tudo na mais perfeita normalidade. Mas, porque sabíamos que eles também deveriam -- e queriam -- ser tocados pela eternidade, estávamos próximos. Amigos. Por mais que não nos conhecessem.

Na troca de times, que perdiam e davam lugar para que outros jogassem, conseguimos pegar o e-mail de todos; dos que não tinham e-mail, telefone. Tomaram conhecimento do Acamp's de jovens, e tudo o mais. Aconteceu até de apartarmos uma briga entre pedintes. Briga feia, diga-se de passagem. O ponto fundamental é: sinal de paz. É preciso sermos esse sinal, em todo lugar, em toda circunstância, por mais planejada ou fortuita que seja. Homens, mulheres, jovens, crianças, adultos, todos precisam. Nós precisamos.

E, por falar em sinal de paz, vou fugir um pouco do futebol e agradecer por ter sido alvo, recentemente, da misericórdia de Deus. Mais uma vez, e sempre. Uma conversa sincera, no amor e na verdade, pode, com uma força avassaladora, voltar nosso olhar para Deus. É bom depender de Deus e dos irmãos, pois fomos criados para relação, e não para o individualismo. É bom sair do superficial, e se deixar tocar em coisas mais profundas, escondidas.

Como aqueles meninos me tocaram.

Obrigado.

2.5.08

2.4.08

Karol.

25.3.08

Obrigado, Senhor.

"[...] queremos encher nosso coração de louvor, de adoração, de gratidão. [...] Queremos, Senhor, Te dizer obrigado e Te louvar como Pai, como Filho, como Espírito Santo. Sim, Senhor, que esse nome -- Deus, Trindade Santa, meu Deus, meu Tudo --, que esse seja o nome que nós louvemos, esse seja o nome que nós nos lembremos, esse seja o nome que nós anunciamos.

Tu, Senhor, e só Tu tens o poder. Tu e só Tu tens a misericórdia. Tu e só Tu tens a loucura de amor de usar instrumentos como nós para fazer uma obra nova.

Que o Teu nome, Senhor, seja exaltado para sempre -- Tu, que rompeste os muros da iniqüidade, da inimizade. Tu, Senhor, e somente Tu sejas louvado por cada pessoa que Te encontrou [...], por cada família reunida [...], Tu e só Tu sejas louvado por cada jovem que encontrou a Jesus Cristo Ressuscitado. Tu e só Tu sejas louvado por todos aqueles que estavam aflitos e foram consolados pelo teu amor. Tu e só Tu sejas louvado pela missionariedade do nosso Carisma. Tu e só Tu sejas louvado pela Igreja que nos acolhe, orienta, sustenta, custodia... Tu e só Tu sejas louvado pelo Teu Espírito Santo que incansavelmente derramas sobre nós.

Sim, Senhor, que o nosso coração e nossos lábios tenham [...] este louvor: louvor a Ti, Pai; louvor a Ti, Filho; louvor a Ti, Espírito Santo; louvor a Ti, Deus Uno e Trino; louvor a Ti, Trindade Santa.

Sem Ti nada seria possível.
Obrigado, Senhor.
"

23.2.08

Não sou artista, mas...

Meu Jesus... Não sou poeta. Eu queria poder expressar com a mais linda canção o meu amor, e como confio em ti. Eu não saberia unir as palavras, nem colocar melodia. Não conseguiria fazer sentido, e talvez nem mesmo fosse muito sincero. Eu queria tanto expressar, assim, meu amor! Mas... não, não sou poeta, não sou compositor. As rimas seriam pobres; os versos, fora de compasso. A nota não seria a certa...

Eu queria ser efusivo, e com muito vigor anunciar, a todos os ventos e cantos, o meu amor. A todos queria dizer, com entusiasmo contagiante, que meu coração -- e tudo mais -- pertence a Deus, que vale a pena esperar em Deus, que sua vontade é minha alegria... Mas não sou assim. É na timidez dos meus gestos e nas palavras engasgadas que testemunho teu amor e tua misericórdia.

Senhor, eu queria ser criativo, e gerar modos belíssimos de falar de Deus, e amar o irmão. Queria poder encantar -- não para mim, mas para Deus. Queria ser produtivo na criatividade... Em vez disso, experimento a luta de não saber como falar, como expressar o que gostaria: que te amo, Senhor, que faço tudo por ti, que acolho e assumo os teus caminhos. É apenas no esforço que consigo organizar as idéias, e nem sei se o faço direito...

Eu queria ser mais ativo, e entusiasmar a todos para caminhar e agir, mas é na lentidão que acerto o passo, ouço o silêncio, aprendo a caminhar.

Queria, enfim, te amar da melhor forma, me portar da melhor forma, confiar da melhor forma, esperar da melhor forma, me expressar da melhor forma... Eu queria amar da melhor forma. Hoje, porém, só consigo te oferecer a minha forma, Senhor, de fazer tudo isso. Não a do poeta, ou do ator, músico ou compositor. Não a do ativo ou do criativo. Só eu. Assim. Nas minhas incongruências e assimetrias. Tu és o maestro. Tu és o autor. Tu és o artista. E eu te amo.

Não sei mais o que -- nem como -- dizer.

18.2.08

Alegria da minha juventude

"Subo ao altar de Deus que é a alegria da minha juventude
Subo silenciosamente
Com o coração alegre e cheio de temor
Pois sei onde o Senhor me levará

Onde estaria eu se não fosse o Seu amor, Senhor?
Como seria feliz se não fizesse o que me manda o meu Senhor?
Tornar-me um consagrado por amor

Ouvi a Tua voz, por isso estou aqui
Senti o Teu chamado então me decidi
E me lanço, me entrego nos braços do Teu amor
Pois nesse amor quero permanecer

O Teu amor me queima sem me consumir
O Teu amor é um mar de águas impetuosas
E voltas, e voltas e voltas do Teu amor
Pois nesse amor quero me consumir

Faz-me sentir o Teu amor
Faz-me sentir a Tua presença
Quero ficar diante de Ti, Senhor
Para sempre."

23.1.08

Jó 42, 2-6

Desejos de liberdade, de depender de Deus
como pássaro na copa desfolhada
de uma árvore de outono.

Parado, assim, até se sente dono
de um azul que nunca foi seu,
respirando os mesmos ares
daquele que, de fato, nem sequer conheceu.

Pois ignorava que, de ouvir falar, não se conhece
de onde vem, quem é ou para onde vai.
Só o salto medroso, mas decisivo,
é capaz de realizar o impossível:

que o velho pássaro, já tão acostumado
a nas copas se ver engaiolado,
possa enfim ser todo dele
como seu já é o Céu Amado.

10.1.08

Prudência e zelo.

Shhh... silêncio...

Bendita e santa sabedoria.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Isso é suficiente, na maioria das vezes.

8.1.08

Não posso fugir...

Há algo em meu peito que não entendo, nem consigo expressar. Pulsa em mim muitas vezes o desejo de alcançar os extremos do mundo. O fato é que fui atingido, alcançado, marcado, selado, separado. Estremeço diante da real chance de minhas más escolhas, pois já senti na pele, no coração e na alma o que podem fazer, e aonde podem me levar. Mas não me paraliso. Definitivamente não. Quem me alcançou consegue, dia após dia, momento a momento, aumentar minha sede, elevar meu rosto e coração, inundar-me de alegria profunda e verdadeira e, de maneira impressionante, fincar meus pés no chão. Sei que voar é para anjos...

Como havia alertado, não conseguirei traduzir o que se passa aqui. Portanto, precisarei me utilizar de uma expressão que reluto tanto em ouvir, em acolher, mas da qual hoje não consegui mais escapar. Impressiona-me como é inexorável essa -- por mim -- tão combatida verdade. Não há como fugir. De fato, sou de Deus.

Até já quis fugir. Já caí. Levantei, quis voar e caí de novo. Mas, em tudo isso, sou de Deus. Tudo o que há em mim só encontra sentido Nele, para Ele, por Ele, com Ele. Gostaria de colocar isso de forma mais concreta, mas não consigo deixar de reconhecer sua presença mais que sólida e real na minha vida, em como, de más escolhas, fez-me ir mais longe do que eu nem ousaria imaginar.

Há algo em meu peito que não entendo, nem consigo expressar. Como alguém tão teimoso e cabeça-dura se tornou um "homem de Deus"? Não foi de repente. Não foi sem dor.

Parece que tudo quer se repetir, Senhor. Mas não temo. Se antes o teimoso obteve graça sem fim, hoje o "homem de Deus" sabe, de antemão, que conta com ela.

Faça-se a tua vontade, Senhor. E basta.